sábado, 21 de novembro de 2009

Bem resolvido ou mal resolvido?


O comportamento ‘divertido’ pode parecer uma forma fácil de aproximação com as pessoas. Às vezes ele esconde, por meio de uma alegria forçada, a revelação de quem realmente somos.

A aproximação com as pessoas é falseada por bom humor ou num auto-astral que transforma quem se esconde nessa postura engraçada num sujeito popular.

Ser engraçado é uma forma de manter os outros interessados em si, já que essa é a forma de realizar o desejo de proximidade com os outros.

Adquire-se assim uma reputação de bom papo, bem humorado, alegre, animado, alto-astral, pessoa com auto-estima elevada, festivo, muito mais que tudo isso existe uma ‘necessidade’ se ser divertido.

Não vejo nada errado em ser divertido e em se divertir, isso é muito bom! Passa uma leveza no semblante de quem tem um coração alegre. Mas quando se deseja fazer um contato e daí compartilhar um relacionamento afetivo, esse comportamento deverá ser transformado.

Haverá um momento em que não caberá mais se esconder em um personagem vivido e reconhecido por todos e o tempo todo como a pessoa que está de bem com a vida, aquele que parece não ter problemas, e se tem, ele sabe conduzi-los ou administrá-los de forma magnânima. Chega a causar inveja e curiosidade o seu comportamento. Parece que isso incomoda as pessoas, e assim não é desejável que se seja tão feliz.

Esse personagem que se esconde e minimiza os sentimentos de maneira evasiva não terá mais lugar em algum momento quando não quiser ficar mais sozinho.

Há de falar da dor que está sentindo. Falar da vida com seriedade. Nesse momento assume-se o risco de se revelar.

O que poderá acontecer quando for inevitável ter que se mostrar? O que, ou quem poderemos ver?

Não é fácil deixar um repertório social, criado exatamente para ser o que todo mundo conhece! Se não for assim, como teremos intimidade? Provavelmente isso gere angústia, medo, ansiedade. Toda essa mudança causa certa tensão.

Mas, se pensarmos que tudo é impermanente, que tudo muda o tempo todo, que não existem garantias de nada, poderíamos ser mais abertos, permitir nos mostrar e não ter medo de amar. Qual será o momento que poderemos mostrar e liberar nossos sentimentos verdadeiros se não agora?


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Topo