sexta-feira, 2 de outubro de 2009

“COMO” OU “PORQUE”?


Quando tentamos explicar ou pedir explicações usamos o ‘porque’. Esse ‘porque’ deverá enumerar uma série de razões, poderemos dizer que teremos citações explicativas. No entanto já ouvi várias vezes a seguinte frase: “isso explica, mas não justifica”. Sou levada a pensar que quando vemos algo que foge à nossa lógica, mesmo quando ouvimos todas as explicações, não é possível justificar o que foi explicado, permanece uma inquietação desconfortável.


Entendo que o ‘porque’ por mais esclarecedor que possa ser, ele reflete apenas as questões de ordem externa, como uma exposição visual dos fatos, podendo se estender à explicações de suas conseqüências.


Outra constatação é que o relato em conseqüência desse ‘porque’ não causa necessariamente uma aceitação, empatia, compaixão.


Sendo assim se pensarmos em um fato, qualquer um que seja, e perguntarmos o ‘por quê’ teremos uma visão parcial do ocorrido. Nesse aspecto o ‘porque’ toma partido e fica de um lado da história.


Geralmente os ‘por quês’ não são neutros eles tomam posições, lados, partidos e nesse sentido é preciso escolher, entre acusar ou defender, o fato, o ato, o comportamento da pessoa ou o que quer que seja.


O ‘porque’ pode ajudar, mas não pacifica, mesmo fazendo seguidos ‘por quês’, não será a quantidade de explicações que trará a resposta.


Talvez nada responda mesmo. Mas quando perguntamos: Como aconteceu isso? Como alguém pode fazer isso? Como? Teremos outro tipo de questionamento. Nesse momento estaremos ouvindo o não dito. Na nossa pergunta com o ‘como’ estaremos procurando saber dos processos internos que ocasionaram o acontecimento, o comportamento, o fato.


De outra forma, vejo que será o ‘como’ que poderá pacificar, que melhor nos confortará. Quando procuramos saber do ‘como’ estaremos penetrando em algo relativo ao interno. Poderemos acessar na perspectiva do outro, objeto da observação. O ‘como’ nos remete á idéia dos processos que desenvolvemos internamente e acessa algo mais profundo.


O ‘como’ está perto da idéia das causas. Ao ouvirmos o ‘como’ numa explicação se não concordarmos também não condenamos, nele não há a idéia de julgamento. Com ele apenas paramos, vemos, e constatamos os fatos como eles são. Então diremos: aceitando ou não, é isso!


O ‘como’ tem a qualidade de buscar as causas dos fatos/comportamentos em vez de explicar seus efeitos.


Tentar explicar é um caminho, mas quando vemos as causas nos aquietamos, pois constatarmos que não nos resta muito o que dizer.




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Topo