segunda-feira, 29 de março de 2010

Uma lagarta

Uma lagarta. Nem bonita, nem feia. Nem grande, nem pequena. Só uma lagarta.

Que comia compulsivamente as folhas do jardim onde morava. Está cada vez mais gorda de tanto comer.

Quase morre quando tentaram exterminar com as formigas, suas concorrentes.

Os dias passavam e tudo era igual. Não existia a variável tempo para ela. Hoje, amanhã, ontem, tudo era igual!

Um dia por razões que a própria razão desconhece se viu cansada de tudo, parou e pela primeira vez, teve um instante reflexivo. Olhou ao seu redor e viu o mundo em que vivia, foi quando também percebeu que tinha uma existência própria.

Sentiu que precisava estabelecer uma nova relação com o mundo e com ela mesma. Apenas contemplar não foi suficiente, precisou se refugiar para poder se encontrar. Pensando assim pouco a pouco construiu um casulo. Não se sabe ao certo o que aconteceu ali dentro, só a própria lagarta é testemunha da sua experiência vivida. A única coisa que se tem certeza é que ouve uma transformação, e que essa transformação foi extraordinariamente positiva. Nem sempre essas metamorfoses são para melhor ou positivas, é só pensar o caso de Kafka (da obra “Metamorfose”, de Franz Kafka).

Então passado um certo tempo o casulo se rompe e sai uma bela borboleta. E voa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Topo