Quando Marina era pequena, não lembro bem que idade ela tinha, nós descíamos para ficar brincado. Ás vezes no parquinho, mas principalmente para desfrutar do espaço livre. O vento era uma coisa gostosa e ninguém ficava de cabelo arrumado, parecia que a empurrava de tão forte que era e por ela ser pequena e magrinha eu achava que ela podia cair.
Marina abria os braços e corria, corria, corria, corria sem parar. Depois de tanto correr e um tanto quanto cansada, ela vinha me abraçar com uma carinha de triste e me confessava baixinho o que estava fazendo: Estou tentando voar! Vou de novo! Após muitas tentativas, dava para sentir que ela estava preste a chorar, tamanho era seu desapontamento. Eu sempre dizia: Continue tentando! Você consegue! Vá lá! Mas ha cada tentativa um desapontamento. Mesmo assim, eu dizia: Acredite! Se você acreditar que pode, você voa! Percebi que ela foi desanimando, desanimando com tantas tentativas. Cheguei pra ela e disse: Quando for dormir, você vai sonhar voando porque você está tentando fazer isso aqui, e lá, você vai controlar. Não sei se ela entendeu.
Depois vendo um desenho das meninas super poderosas ela me chama e diz qual das três meninas era ela e que queria voar como aquela do desenho. Tentei reforçar a idéia do sonho novamente, não sei se ajudou.
Com o passar do tempo ela foi ficando descrente da idéia, passou a achar que não pudesse fazer o que tanto desejava. Parece que já não acredita mais.
Fico pensando o que eu poderia ter oferecido para que ela se sentisse encorajada a buscar, a investir, no que tanto queria. Como eu poderia ter ajudado? Como?
Hoje ela não fala mais que quer voar. Minha intuição me diz que ela é uma águia, mas pensa que é uma galinha.
“O poeta sonhou que era borboleta. E como borboleta ele sonhava que era ser humano e surgia a dúvida...”
Oi Jaque!
ResponderExcluirMuito interessante esse texto (para mim o melhor de todos). Que grande dilema: cortar as asas a utopia ou alimentar as teias da ilusão... Confesso que não sei se há uma resposta única para essa situação. Quem sabe um dia Marina e eu possamos encontrar respostas possíveis em meio a sua nobre aspiração. Bruno
Você entendeu perfeitamente meu dilema Bruno!
ResponderExcluirTão lindo este texto, jaque. Fiquei sem palavras...acho que um dia ela vai entender a dimensão do seu vôo.
ResponderExcluirLeila isso é o que mais desejo.
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