Quando se recebe ou se conquista algo, da qual já se tinha perdido as esperanças de ser possuidora de tal coisa, acontece o mesmo comportamento da criança egocêntrica que ganhou o brinquedo que foi sonhado por muito e muito tempo.
Falo daqueles desejos sonhados por toda uma vida, e que por demorar tanto se realizar, parece que nunca vai acontecer. Parece que nunca acontecerá e o tal sonho já parece impossível... Quando acontece, quando se realiza... Bumm! A pessoa se transforma em tudo o que ela nunca foi. É a realização da felicidade! Isso esta mesmo acontecendo? Duvida-se que esta seja a vida real ou que seja um merecimento. Quanta alegria! Quanta felicidade! Não se cabe em si!
No fundo há um sentimento de não ser merecedora daquela conquista, sabe-se lá por que. Então, acaba-se por se tornar refém do que foi conquistado.
O medo de perder é maior que o prazer da conquista. Corre-se o risco de perder há qualquer momento o sonho de toda uma vida. Pode-se ser roubado por qualquer um. Todos que vêem tal felicidade, cobiçam, desejam, invejam. Quanto perigo! Que perigo! E é constante! Não dá pra baixar a guarda! É preciso estar alerta sempre, sempre vigiando, sempre cuidando. O medo e o perigo estão em todo lugar.
Nada mais fala tão bem sobre isso como a frase de José Saramago: "Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar." Assim perde-se a tranqüilidade, a paz pela felicidade por ter “o meu... meu bem mais precioso...”.