terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Veio me visitar

Hoje um passarinho veio me visitar.

Estava muito apressado, mal pude ouvir o que falou.

Sei que foram coisas boas, por isso me senti muito feliz.

Outros passarinhos já me visitaram.

Havia um que era muito insistente. Era lindo! Tinha as penas coloridas.

Vinha todos os dias, sempre na mesma hora.

Na época, pensei que ele não gostava do vidro da janela.

Hoje acho que ele me falava em código morse, e eu achava que ele queria entrar.

Houve também um beija-flor, agitadíssimo! Parecia assustado, com medo. Não sabia como ir embora. Tentei ajudar, mas ele não entendeu. Não nos comunicamos muito bem. Fiquei com medo de lhe machucar.

Todos eles me traziam boas notícias.

Por isso, o de hoje, me trouxe tanta alegria.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Arrumar o armário

É hora de arrumar o armário.

Abro as portas, retiro tudo que tem dentro.

Peça por peça, seleciono, classifico, separo.

Isso não quero mais, aquilo ainda vou ficar, e essas?

Hum... Não sei, deixo de lado, decido mais tarde.

O mais importante é esvaziar, tirar tudo, limpar.

Olho e vejo o que quero daquilo tudo.

Fazendo a faxina.

Quanta coisa guardada desnecessariamente!

Porque guardei tudo isso?

Coisas novas, outras velhas, outras ainda muito velhas.

Quanto lixo!

Hora de recolocar, peça por peça.

Tudo limpo e arrumado.

Mas isso não é permanente...

Mas agora está bem.

Fecho o armário.



domingo, 6 de dezembro de 2009

O Impostor



Recuso-me a olhar para minha própria vida. Tento impressionar os outros com minha inteligência, minha perfeição. Tento intimidar.

Olhando para mim, não consigo ver que mostro sinais de desespero profundo. Rosto rígido!

Para não perder o humor e senso de proporção escondo minha autodepreciação.

Quantas vidas arruinei? Qual o alcance e a amplitude de minha maldade? Conseguirei encobrir o meu mais profundo senso de desvalia e insignificância? Estarei eu perdendo as qualidades humanas?

Que ego bizarro!

Não posso parar de sorrir. Tenho que me relacionar com os outros. Não vou me destruir! Não posso ser derrotado! Tenho que me mostrar impecável e irrepreensível!

Tenho medo que descubram que sou uma fraude. Sempre dei falsa impressão de mim. Será muito difícil para mim se eu for desmascarado.

Tenho dificuldade de compartilhar meus segredos, pode ser embaraçoso. Sinto que falta conversa franca... em minha vida. Tenho tristeza pelo que jamais disse.

Mas, não posso ficar despido.

Essa é minha busca de aceitação e aprovação.

Assim, digo que sou feliz.

Topo